Eram 19h30 em Assunção (20h30 em Brasília), quando abriram as portas do Agrupamento Especial, um quartel policial transformado em penitenciária de máxima segurança.
Um pouco desorientado, acanhado, mas sempre sorridente, surgiu Ronaldinho Gaúcho cercado de policiais. De bermuda, blusa branca e mochila nas costas, parou para autografar a camisa do Grêmio que um fã paraguaio exibiu enquanto pedia pela assinatura.
"Obrigado pelo carinho e pelas orações. Muito obrigado", disse Ronaldinho, como numa tímida prece, quando um repórter quis saber o que o mais famoso preso do país tinha a dizer para os torcedores paraguaios.
Em seguida, Ronaldinho entrou no carro que o levaria ao luxuoso hotel Palma Róga, no centro de Assunção, aonde entraria pouco mais de meia hora depois.
No hotel, Ronaldinho e o seu irmão Roberto de Assis Moreira, representante do jogador, serão os únicos hóspedes devido à pandemia do coronavírus que acabou com a frequentação dos turistas. Ficarão em duas suítes diferentes, a 104 e a 105. Um quarto simples no hotel custa US$ 90, mas os do primeiro andar são os mais caros. A suíte presidencial na qual Ronaldinho ficará tem um custo diário de US$ 380.
Os novos hóspedes estarão o tempo todo sob vigilância policial para evitar que deixem ilegalmente o Paraguai, embora Assunção esteja isolada do resto do país para evitar a propagação do vírus.
O novo regime de prisão preventiva veio depois de uma audiência e do pagamento de uma fiança de US$ 800 mil para cada irmão.
Rota do dinheiro europeu
Se Ronaldinho pretendia esconder a existência de uma conta bancária na Europa, o juiz penal Gustavo Amarilla revelou em detalhes a rota do dinheiro: "O montante saiu da Europa para a conta de um dos advogados. Deste para o Banco Nacional de Fomento do Paraguai, onde o Pode Judiciário tem uma conta".
Ronaldinho manteve o seu dinheiro na Europa, depois que, em fevereiro de 2015, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul condenou os irmãos a pagarem uma indenização por causarem danos numa área de preservação ambiental na orla do rio Guaíba, em Porto Alegre. A falta de pagamento levou a Justiça a apreender os passaportes dos irmãos Assis Moreira.
Em outubro de 2019, a multa de R$ 8,5 milhões foi renegociada a R$ 6 milhões. Depois de paga, os passaportes foram devolvidos. Antes disso, porém, quando em novembro de 2018 a Justiça interveio nas contas do ex-jogador no Brasil, encontrou apenas o equivalente US$ 6,61
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